Saudades...
Escusado será dizer que tenho saudades tuas... É mais que previsível... Tanto tempo, no entanto, recordo os teus beijos e sinto os meus lábios humidos como se tivesse sido hoje que te tivesse beijado... Enches-me o pensamento todos os dias, com um calor indiscritível... Ainda há dias tive de ir à D. João V, o nome em si rodeava-me o espírito, embora não soubesse porquê, pelo menos até chegar lá... Comecei a subir a rua, um sorriso incontrolável rasgou-me os lábios... Foi ali que me brindaste com o primeiro beijo...Aquele que achavas que eu merecia e de que tinha falta... e tinhas razão. E em tudo o beijo correspondeu ao que imaginei de ti e dos teus lábios, em suavidade, em subtileza, em sensação... Pareci-te nervosa, e estava, não queria desmistificar a imagem que tinhas de mim e que tanto te encantava, tive receio de te parecer uma farsa, de perder toda a atmosférica mistica de um relacionamento pouco convencional que em tão pouco tempo tinhamos criado... Nesta hora recordo esse beijo e dá-me saudades... Dos beijos, das tuas mãos a percorrerem-me o corpo, porque como descreveste e muito bem, beijo que é beijo, implica mais do que dois lábios e duas línguas, é toda uma dança corporal que envolve e seduz... O que queria hoje era cruzar-me contigo, e antes de qualquer conversa, por estranho que te pareça, apetecia-me que me puxasses a ti e me beijasses, num longo beijo que me dissipasse todos os receios e me fizesse retornar a ti, aos teus braços, ao teu calor, ao nosso mundo...